A conferência “Desempenho em Eventos de Força e Potência no Alto Rendimento: um olhar para diferenças étnicas e raciais” teve coordenação do professor e doutor Hélio Campos. Já o professor Ciro Oliveira coordenou a roda de conversa “Quais os Rumos do Esporte Quando se Pensa em Gênero, Raça e Inclusão de Pessoas com Deficiência?”
Ciro explica como o evento foi pensado: “precisávamos discutir questões éticas, raciais e de inclusão social, desde a educação, principalmente em ambientes de crianças escolares, até o alto rendimento. Por isso, trouxemos professores que trabalham nesses campos de inclusão social”. Desse modo, a programação foi elaborada levando em consideração temas bastante atuais. O professor acrescenta que a proposta foi ir além dos muros da universidade para entender a prática e mostrar aos estudantes e profissionais como eles poderão trabalhar essas questões.
Clarcson Plácido, coordenador do curso de Educação Física, observa que, com o crescimento e a grande discussão que se tem feito em torno da diversidade de gênero e raça, a educação física, por ser uma área democrática e versátil, necessita estar atenta à inclusão. “O esporte precisa levantar questões em relação aos aspectos atitudinais, ou seja, nós, profissionais, precisamos aprender a lidar com essas pessoas, respeitando as diferenças”, relata Clarcson ao evidenciar, a exemplo dos esportes de alto rendimento, a discussão sobre a participação de transgêneros em determinadas modalidades. “As evidências relacionadas a esses assuntos e de como isso tem influenciado não só o alto rendimento, mas também o surgimento de novos talentos, ou mesmo, beneficiado o esporte voltado para a saúde, vieram à tona de forma aberta e acolhedora nesse fórum”, descreve.
O professor de Educação Física da rede pública de ensino, Emanuel Santos, abordou as barreiras que a pessoa com deficiência enfrenta no dia a dia, desde a formação de vínculos socioafetivos até o aprendizado escolar, incluindo a rotina de atividade física nas instituições. Ele destaca a importância do evento: “um fórum dessa magnitude dentro de um ambiente acadêmico é extremamente essencial. Devemos manter a capacitação. O período de aprendizagem deve ocorrer constantemente”. Emanuel considera que a presença de acadêmicos, mestres, doutores e profissionais de diversas vertentes traz uma grande diversidade para quem trabalha com o esporte numa perspectiva inclusiva.
Paulo Adriano Schwingel, professor universitário da UPE – Universidade de Pernambuco, palestrou sobre o treinamento para pessoas com deficiência e parabenizou a Bahiana pela iniciativa, ressaltando que o III Fórum de atividade física foi extremamente relevante, do ponto de vista acadêmico e social: “A partir do momento que se tem um espaço para o debate sobre a educação física nas diferentes nuances da pessoa sem e com deficiência, indo da recreação até o treinamento esportivo, há uma enorme significância, em termos de conhecimento, para o estado da Bahia”.
Quanto ao tema elucidado, Schwingel apresentou como os profissionais de educação física, fisioterapeutas, médicos e nutricionistas podem atuar nas atividades esportivas para pessoas com deficiência, ilustrando as diferenças mecânicas, sociais e fisiológicas dessas pessoas. “A grande qualidade das temáticas fez com que o fórum fosse um momento ímpar, pois debateu ideias de toda a área da atividade física e saúde de maneira integrada. Acredito que o próximo deva contar com palestrantes médicos, psicólogos, enfermeiros e nutricionistas”, sugere Paulo Adriano.
Luís Antônio Cruz, para-atleta e educador físico, esteve no evento como ouvinte e discorreu quanto à sua afinidade com os temas propostos: “Antes do acidente que me deixou paraplégico, eu já era atleta. Após o acontecido, me tornei atleta paraolímpico”. Ele expõe que trabalhou como designer gráfico enquanto participava de esportes adaptados. O educador se dedicou à dança esportiva em cadeira de rodas e, por gostar de esporte e perceber essa dificuldade entre profissionais de educação quanto ao esporte adaptado, optou por fazer faculdade de Educação Física. “Comecei pela licenciatura e pretendo fazer o bacharelado assim que terminar a Especialização em Esporte e Atividade Física para Pessoas com Deficiência, pela UFRJ”, conclui.
Ao saber do fórum, Luís confidencia ter se animado muito, uma vez que propostas como essa, que acontecem de dentro para fora das universidades, são imprescindíveis. “Algo que eu percebia era a limitação do ensino para a inclusão da pessoa com deficiência através da Educação Física. As matérias, praticamente, não incluíam esse tema. Atualmente, há uma diferença positiva nesse cenário, apesar de ser ainda abaixo do esperado”, avalia o para-atleta, que acredita no papel da universidade quanto à sua participação mais efetiva nesse cenário.
O estudante de Educação Física da UNIME, Agnaldo Pinto, comenta sobre um mito da área de educação física: “muitas pessoas acreditam que se resume à musculação, ao futebol e para quem possui aptidão física, mas isso não é verdadeiro. Essa abordagem fez com que eu entendesse que pessoas com deficiência possuem a capacidade de fazer certos movimentos, atingir bons resultados e realizar sonhos que foram temporariamente interrompidos por algum acidente, por exemplo”. Agnaldo elogia a ação e complementa que levará as informações que lhe foram passadas para a vida pessoal e profissional.
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