Mavie reconhece a importância de se discutir o papel político do psicólogo, principalmente dentro da academia. “A gente que lida com a gestão já percebeu o quanto precisa fazer esse tipo de provocação na formação, como é importante que esses assuntos sejam trazidos para a instituição, para as universidades, para as faculdades e que a gente tenha uma formação política nesses meninos”. Ela ressalta que o momento político atual clama por mais posicionamento por parte de todos e como é essencial que os estudantes de psicologia mantenham-se informados sobre o que o país vem passando. “Estamos em um momento com péssimas previsões, nós temos um momento decisivo em 2018 com as eleições. Então, eu realmente tenho a expectativa de que alguns aqui saiam tocados e passem a buscar informações para além do que ouvem na mídia, que alguém passe a ir ao SUS para ter uma opinião formada, que alguém passe a entender o processo e comece a se colocar politicamente em alguns espaços”.
Mavie destaca a situação crítica da saúde mental e ressalta a relevância da participação dos psicólogos em papéis de gestão, influenciando os governos na elaboração de políticas sociais mais justas e coerentes com a realidade. “Urge a necessidade de um posicionamento da categoria de psicologia em defesa das conquistas que já aconteceram em relação à saúde mental. Também se faz necessário que a gente ocupe outros espaços, principalmente os espaços de decisão, que a gente consiga influenciar com nosso conhecimento técnico, com nossas diretrizes, com nosso posicionamento político na tomada de decisão”.
Para a estudante de Psicologia do 9º semestre Manuela Rocha, discutir questões como essas colocadas na palestra levam a entender o valor da Psicologia no momento atual. “Eu entendo que o papel da Psicologia é de transformação, de cuidado e esse momento que a gente vive é extremamente delicado porque ele fragiliza o sujeito, deixando-o exposto. No momento em que o Estado descuida, ele desprotege socialmente as pessoas. Quando a gente vê um serviço como o SUS sendo limitado, sendo privatizado como foram alguns setores de atendimento, é hora de a Psicologia por a mão no cuidado e voltar o olhar para essas questões que são mais sociais”. Segundo a aluna, “o cuidado e a atenção precisam ser sociais, devem ser integrais, como o SUS se propõe a ser”.
A coordenadora do curso de Psicologia, Sylvia Barreto, explica que a aula inaugural do curso, historicamente, discute uma temática que será transversal no semestre. “A temática foi escolhida exatamente porque nós estamos vivendo de forma muito intensa e muito difícil todas essas transformações que vão impactar diretamente nas políticas de saúde e isso atinge a atuação do profissional de saúde, a vida do usuário, e o estudante de psicologia precisa ter cada vez mais espaços de discussão para refletir sobre o nosso papel enquanto transformador social.”
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