Segundo Luz Marina Ferreira da Silva, diretora do Complexo Penitenciário da Mata Escura, que ministrou uma palestra sobre vulnerabilidade de mulheres em situação de prisão, o simpósio é de extrema importância para a população carcerária, dada a fragilidade dentro do ambiente prisional.
“Quando uma mulher é presa, ela deixa uma família para trás. Ela, provavelmente, não teve uma referência familiar sólida, viveu uma experiência de rua e, então, por todos os tipos de vulnerabilidade, essa mulher sofreu e continua sofrendo encarcerada”, observou Luz Marina.
A diretora acredita que ações afirmativas e simpósios como esse são uma tentativa de minimizar o sofrimento dessas mulheres e promover sua reinserção social.
Para Geisa Copello, psicóloga do Conjunto Penal Feminino de Salvador, o simpósio conseguiu dar visibilidade a indivíduos que constantemente vivenciam situações de fragilidade. “Precisamos de eventos que toquem nessa temática, pois muitas dessas pessoas estão praticamente invisíveis para a sociedade”.
A psicóloga pontuou que, no caso das mulheres encarceradas, a vulnerabilidade é ainda maior, já que esse tipo de ambiente foi originalmente planejado para homens - as mulheres acabam tendo que se adaptar.
Quilombolas
A enfermeira e professora do Departamento de Ciências da Vida da Universidade Estadual da Bahia (UNEB), Mary Galvão, explicou que a maior vulnerabilidade de parteiras quilombolas é a invisibilidade e o silêncio até mesmo do Estado, que as ignora. “O maior problema das populações quilombolas, indígenas e de outros segmentos que o Estado insiste em marginalizar é o fato de não terem garantidos o que está previsto na legislação”, avaliou.
Para ela, levar esse debate para o ambiente acadêmico é abrir uma discussão ampla, para informar professores, alunos e profissionais de saúde sobre a situação de vulnerabilidade.
Sara Moreira, enfermeira graduada pela UNEB e integrante do NUPEIS enfatizou a importância de essas pessoas serem assistidas. “Trazemos esses grupos vulneráveis, muitos também atingidos pelo preconceito, justamente para dar uma melhor assistência e auxiliar na qualidade de vida dessas comunidades marginalizadas pela sociedade”.
Sara Maria, aluna do 6° semestre de enfermagem da UNEB, contou que o evento é de extrema importância para o seu curso. “Fiquei sabendo do simpósio e me inscrevi, pois me interesso por essas questões de vulnerabilidade e conhecer um pouco mais de cada comunidade nas palestras é enriquecedor”.
João Batista, 34 anos, portador de osteogênese imperfeita (doença que afeta os ossos) participou do evento assistindo às palestras e relatou que o simpósio trouxe contribuições importantes para saúde da população. “A Bahiana tem iniciativas importantes e trazer as situações de vulnerabilidade de diferentes grupos é relevante para o conhecimento das pessoas”.
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